Entrevista com Rodrigo Marques – Show com Patas

Entrevista com Rodrigo Marques – Adestrador profissional e Proprietário da Show com Patas – Empresa especializada em Adestramento, Comportamento e Bem-estar animal.

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1- Cursos de Adestramento de Cães:   Rodrigo, como e quando iniciou sua carreira como adestrador de cães ?

Rodrigo Marques: Primeiramente sem falar da carreira, tive minha primeira experiência em ensinar algo para um cão por volta de 8 anos de idade, quando convenci um doberman super agressivo a encostar na grade do portão de sua casa para receber  afagos,  sempre esperando um pedacinho de pão que eu carregava para suborná-lo.

Comecei nessa época a ensinar  os vira-latas da rua onde eu morava a sentar, buscar meus chinelos e galhos em troca de pedaços de pão também. Mas procurei e encontrei o meu primeiro trabalho com cães em um canil e escola de adestramento onde eu era o lavador e tratador, isso aos 12 anos de idade. Essa foi minha primeira porta no meio do adestramento, onde eu só observava, com o objetivo de um dia me tornar adestrador.

Meu primeiro “curso”, com um adestrador, foi uma permuta de serviços, onde eu lavava seu canil e ele me ensinava a adestrar cães. Me encantei mais ainda quando ele me levou para conhecer o Canil Central da Policia Militar de São Paulo. Ali eu tracei a minha meta.Em pouco tempo, mesmo com 15 anos, eu já adestrava cães na escola desse adestrador. Comprava revistas e fitas de video que falavam de adestramento, livros e etc.

Trabalhei durante muito tempo com adestradores renomados, os quais eu os procurava para ajudá-los no treinamento e manejo de canil em troca de conhecimento. No ano de 2000 participei do meu primeiro seminário internacional  e não parei mais. 

 

2- Cursos de Adestramento de Cães: Como você analisa a profissão do adestrador de Cães no Brasil?

Rodrigo Marques: Acredito que os adestradores estão se profissionalizando cada vez mais, investindo cada vez mais em conhecimento, formação e  formalização. O nível de cultura e conhecimento dos adestradores está cada vez mais alto e a imagem do adestrador perante a sociedade está cada vez melhor. Claro que existem alguns exceções, mas esses ficarão para traz por não se atualizarem perante tantos cursos disponíveis. Acredito que a ética também está melhorando e o companheirismo aumentando entre os colegas.

 

3- Cursos de Adestramento de Cães: Em se tratando de sistemas ou métodos de adestramento de cães o que você tem a dizer … O mundo, a sociedade de um modo geral esta sendo direcionada em maior número para métodos e técnicas de adestramento puramente positivos, o que você nos diz a respeito?

Rodrigo Marques: Penso que quanto mais técnicas de adestramento positivo existirem  melhor. Ensinar o cão positivamente é o melhor e mais humano dos caminhos.  O desenvolvimento de técnicas mais humanas para se ensinar cães positivamente, depende principalmente dos positivistas e é baseado no estudo de adestramento positivo que desenvolvo minhas técnicas de adestramento. Porém, sei até onde posso confiar em uma obediência  puramente positiva, já que o cão pode escolher me obedecer e ser recompensado por mim, ou desobedecer e ser recompensado por outro reforço externo maior que o meu, acidentalmente. Na minha opinião um cão altamente treinado em um sistema puramente positivo e que não conhece um reforço negativo funcional ( não estou falando de tortura ou medo), pode não ter uma segunda chance após um atropelamento ou briga por exemplo, e que um simples marcador ou comando negativo permite o controle total e incondicional do cão sem ter que torturá-lo ou traumatizá-lo. Lembro que acredito que o cão sabe ou deve aprender a lidar com o negativo e que um bom adestrador deve saber dosar os reforços mantendo o respeito pela integridade física e mental do cão.

 

4- Cursos de Adestramento de Cães: Qual sua opinião sobre o método clicker para treinamento animal?

Rodrigo Marques:  O método é esplendido e faz parte do sistema de Equilíbrio dos reforços. Por se tratar de um marcador exato do momento em que o comportamento desejado é apresentado, é uma ferramenta fundamental para uma formação rápida e clara para o cão. Acredito que o clicker também auxilia no aprendizado do adestrador, já que mantém sua concentração no momento exato a ser marcado. Lembro que não existe em nosso sistema apenas uma forma de usar o clicker e que indicamos click’s diferentes em momentos diferentes. Utilizamos o clicker também, como reforço continuo e não só como marcadores. Atrelado á ele também utilizo marcador verbal e reforço verbal continuo, para que haja entendimento do acerto em momentos onde não quero utilizar o clicker, somente para não ocupar minhas mãos, já que as utilizo para manipular a soft-line, fazer hand-target e recompensar o cão.

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4- Cursos de Adestramento de Cães:  “O Equilíbrio dos Reforços” é como você denominou seu Sistema de Adestramento de Cães. E de um modo geral observamos através de suas apresentações e de seus vídeos que você consegue obter resultados extraordinários por meio deste seu sistema, sempre com ética e respeito aos cães. Você conseguiria explanar brevemente sobre o sucesso que tem nos seus cães e de seus clientes através deste seu sistema de adestramento?

 Rodrigo Marques: O “Equilíbrio dos reforços” traz uma nova organização ao trabalho de adestramento, formando um novo e diferenciado sistema.

Resumidamente falando, utilizamos o marcador positivo para ensinar comportamentos desejados, com a diferença do uso do negativo,  apenas suficiente para eliminar  falhas e desobediência principalmente sob distrações. Utilizo marcadores negativos para marcar ao cão onde ele está errando. Acrescentei ao sistema estimuladores táteis, que dentro de nosso sistema, na escala de reforços, se encontram como neutros, já que não geram resposta negativa ou positiva no humor do canino, somente ativam sua atenção.
Não punimos cães por não realizarem truques. Utilizamos o sistema convencional de treinamento positivo, acrescido de marcadores e comandos negativos.
Não utilizamos exercícios convencionais de “obediência” (junto, senta, fica, deita e aqui), para se promover o controle do cão. No lugar de “obediência” treinamos outros 3 exercícios e utilizarmos uma nomenclatura diferente. Chamamos de Tríade de  controle”. Descobri que através desses 3 exercícios, quando bem treinados,  é possível o controle total do cão em  qualquer tipo de situação, como mostro e meus videos.  Quando a “punição”(linguagem popular) acontece na tríade de controle, é apenas após se ter certeza que os exercícios estão bem claros para o cão. Fazemos testes para garantir que há entendimento. As punições utilizadas nunca são a um nível de causar traumas ou quebrar a motivação. Isso é visível nos meus videos e seminários e para meus clientes,  os quais assistem minhas aulas em suas residências.
Em nossa opinião, todos os cães sabem ou devem aprender a lidar com negativo, mesmo que somente como marcadores, já que em casos de desobediência por estímulos externos, não ser recompensado, na maioria das vezes, não é sinônimo de punição aos olhos do cão que está focado em forte estimulo externo. Para ele, o ambiente e suas distrações podem possuir um  valor  maior do que qualquer recompensa gerada pelo adestrador.
Temos conhecimento da utilização dos estímulos externos ou ambientais como recompensa, mas utilizamos em momentos diferentes dos convencionais.
Utilizo no sistema,  um novo equipamento que criei, o qual chamamos de Soft-line. Através dele, trabalhamos com o cão solto rapidamente, o que gera consequentemente maior motivação, tendo também um resultado muito mais  rápido e garantido.
O Sistema é claro até mesmo para um leigo, e o resultado é um controle incondicional e de alto nível, preservando a integridade física e mental do cão além de promover o bem-estar canino, já que o cão aprende a trabalhar em liberdade,  respondendo comandos verbais inclusive à distância e sob as mais fortes distrações.

A metodologia vai muito, além disso, sendo esse um breve e simples resumo de nossa filosofia e sistema de adestramento!

 

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4- Cursos de Adestramento de Cães:  O Brasil é considerado o segundo maior mercado pet do mundo. E em consequência observamos que isto tem gerado uma grande demanda por profissionais capacitados em compreensão do adestramento e comportamento canino. Que conselho ou orientação você daria aos profissionais que tenham interesse em ingressar na carreira ou ainda aqueles que pretendem aperfeiçoar os conhecimentos?

 Rodrigo Marques:  Aconselho aos colegas e pretendentes, aprenderem a reconhecer um bom adestrador seminarista pelos seus resultados e caminhos utilizados, não somente com seu próprio cão, mas com todos seus alunos de modo geral. Aconselho a nunca pagar por um seminário sem referências e sem ver resultado do treinamento do seminarista em variados cães. Questionem sempre o sistema empregado pelo seminarista antes de pagar por ele. Eu costumo buscar aprimoramento em seminários de adestradores que sabem transmitir conhecimento e que mostram seus resultados principalmente em vídeos, palestras e em apresentações de modo geral. Observo se seus cães trabalham motivados ou com medo, para ter ideia se ensina de forma positiva.

 

5- Cursos de Adestramento de Cães:   Rodrigo, você esta com uma “turnê” já programada pelo Brasil para que possa disponibilizar as pessoas o  seu sistema “O Equilíbrio dos Reforços”…  Para que possa ensinar, orientar e conscientizar as pessoas sobre a importância do bem estar animal  e do adestramento positivo de qualidade. Deixamos você a vontade para que faça um convite a todos os interessados.

Rodrigo Marques: Lembramos que tivemos em nosso seminário, a presença de adestradores particulares, de linha positivista, desportistas, policiais, médicos veterinários, estudantes de M.V, zootecnistas  etc. Fomos muito elogiados e tivemos 100% de aprovação dos participantes. Digo que essa é uma metodologia brasileira e que só tende a crescer. Nossa proposta acima de tudo é o bem estar animal. Esperamos encontrar em nosso caminho adestradores humildes e livres de preconceito, dando uma oportunidade ao sistema de trabalho e consequentemente beneficiando os cães. Quem sabe no futuro, esses serão denominados “adestradores equilibrados”. 
Seminário Oficial BAT Brasil

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